Olhares sócio-antropológicos sobre Filmes, textos, artigos, livros, documentários,..

Amo cinema e vejo nos filmes inúmeras oportunidades de refletirmos sobre a vida, sobre temas diversos que nos tocam de maneiras diferentes, a partir de nossas grades de leitura e nossas vivências.
Assim, faremos neste primeiro momento reflexões sobre filmes, documentários que assisti e partilhei com meus colegas de sala (educandos) e outros que assisti em momentos de lazer criativo e produtivo. E, em um segundo momento farei comentários de livros, textos, artigos, enfim, o que li e como apreendi o lido, e os frutos de minha vivência, do meu dia-a-dia, do meu vivido também. Tudo isto será partilhado aqui com cada um de vocês!!

Boa Leitura!!

domingo, 20 de novembro de 2011

EDUCAÇÃO: UM OLHAR PLURAL E SENSÍVEL SOBRE O OUTRO

           A educação como diz o Paulo Freire, faz-se num processo dialógico, em que nesta troca, aprender a fala do outro é fundamental para que ambos possam participar juntos do processo de comunicação (WINKIN, 1998) e, consequentemente, a Educação seja concretizada.
            No Ensino Fundamental, momento em que a criança está no processo de assimilação das regras da escrita, e, do olhar o universo mais fragmentado, nas diversas disciplinas que irá cursar, com professores plurais faz-se necessário que cada professor (a) assuma o seu papel com amor, competência, responsabilidade, respeito e carinho; não apenas pela sua profissão, mas pelas crianças que estão na sua frente.
                Esta atitude respeitosa, dará a criança auto-confiança, o fará aprender, crescer. Cada criança tem um ritmo de aprendizado, então, as crianças que já sabem, não deveriam ser o foco exclusivo do docente que conduz o processo de aprendizado, mas, principalmente, aquelas com mais dificuldade, pois as que já sabem ou aprendem facilmente, o professor irá manter e expandir este conhecimento maravilhoso, contudo, quanto ao que tem dificuldade, poderá passar tarefas diferenciadas para complementar a da turma, estimulos, incentivos, enfim, uma injeção de animo constante que fará com que cada conquista seja valorizada. Afinal, o pequeno para nós, pode ser algo, extremamente importante para a criança, portanto, parabenizá-la por todas as conquistas, conforme dito é fundamental.
                    Como diz Georgina Quaresma Lustosa no seu livro O Educador Biocêntrico: quem é este sujeito? Deve-se olhar o outro na sua totalidade, e não apenas partes. Valorizar a Vida que emana do entusiasmo do aprendizado, das conquistas, da superação das dificuldades no caminho deste aprendizado é fundamental! E, no final, a avaliação passa a ser plural, valorizando não apenas o conteúdo trabalhado em sala, mas, a postura, a socialização, a criatividade, a interação, observando que os tímidos, também estão e fazem-se presentes na sua atenção ao que é dito, ao que fazem, a partir do sugerido em sala. 
                          Logo, avaliar não é apenas quantitativa, pontual, mas processual em que a frequência, os trabalhos realizados em sala e as atividades da escola realizadas em casa, as arguições nas aulas, o que cada um aprendeu e assim o demonstrou em vários âmbitos, enfim, o crescimento, tudo passa a ser avaliado, e a dimensão escrita desta, aparece apenas como mais uma, pois o que conta é o que a criança aprendeu neste processo, é a diferença que o (a) docente fez no seu comportamento, enfim, é isto o que vale. E, que com certeza é maior do que 0,1 uns décimos necessários para que a vitória plena seja sentida pela criança, mostrando que o seu esforço valeu muito muito a pena. 
                              É isso!! Precisamos de uma educação que tenha nos seus educadores olhares mais plurais e sensíveis a cada criança, pessoa com quem estão interagindo, fazendo valer a máxima de Paulo Freire que diz:"ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, a educação se faz mediada pelo meio". E, principalmente, não se participa da Educação sem AMOR, sem SENSIBILIDADE!!

                                       PAZ E BEM!!
                                                                                              (Marcia Adriana Lima de Oliveira)

Obs.: Fotos tiradas por mim, Marcia Adriana, em que me encontro com momentos de aprendizado com meu filhão. Sendo que a idéia do pintar o chão com giz  colorido, foi da minha irmã que também é uma grande Educadora Biocêntrica!!

domingo, 6 de novembro de 2011

Intimidade ou não intimidade, o que desejo ter?

Já no século XVIII, conforme Louis Dumont, as pessoas começaram a ficar cada vez mais ensimesmadas, retraídas, preferindo a não intimidade, posto que o que desejavam era tudo cada vez mais para si. Um egoísmo exacerbado denominado individualismo. 
        Individualismo que separa as pessoas, colocando-as para se relacionarem não como pessoas, mas como pessoas e objetos. Coisificar o outro, ver o outro como mero objeto de prazer momentâneo ou duradouro, mas apenas prazer... Fez com que estas mesmas pessoas jamais se deleitassem com o prazer da intimidade.
    Séculos XIX e XX vem com duas abordagens o do não a intimidade, e o da transformação desta no olhar de Anthony Giddens, que chama cada uma das pessoas a repensarem suas relações, e, ao mesmo tempo compreender as mudanças na intimidade, no amor, na sexualidade, no erotismo.
      Giddens diz, no seu livro 'A transformação da intimidade. Sexualidade, amor e erotismo nas sociedades contemporâneas', que existe uma categoria chamada de 'relacionamento puro'; sendo que pureza aqui não significa ingenuidade, inocência, mas sim o retirarmos as amarras dos estereótipos acerca do ser amado como deus, ou deusa, como super herói ou mulher maravilha, e começarem a ver um ao outro como são, ou estão se tornando, seres humanos plenos com qualidades e defeitos. 
         O olhar o outro como ser humano pleno, dar mais segurança, conforto a ambos por saberem que não precisam mascarar o que não são e, por isso, irão se permitir amar e ser amado, de maneira tranquila, sem medos, receios de mostrar-se e ser rejeitado ou rejeitada.
         É interessante falar sobre a temática em questão, porque com o século XX e XXI, veio toda a enfase na contemporaneidade, na rapidez, na não-intimidade, na fluidez das emoções, na volatilidade dos sentimentos, enfim, na liquidez das relações. Bauman, foi um dos autores que mergulhando neste universo líquido escreveu a Modernidade líquida, o Medo liquido, o Amor liquido, o tempo liquido, enfim... Um retrato das relações que enfatizam a não intimidade.
           Contudo, o pensar no relacionamento puro, em que o casal caminhará lado a lado, partilhando  suas vidas, sonhos, tristezas e alegrias trás esperanças de que em um mundo tão grande como o nosso, ainda existem pessoas que desejam se envolver, sair juntas, conversar, trocar idéias, partilhar conquistas e se terem apoio mútuo  nas dificuldades, enfim, pessoas que queiram a intimidade, queiram permitir-se viver plenamente um relacionamento, colhendo frutos magníficos que será e que é o poder chamar cada um ao outro de companheiro, companheira, amigo, amiga, amor, tudo!! Tudo!!! Como já disse Fernando Pessoa: "Para ser inteiro, sê todo. Nada teu exagera ou exclui. Põe tudo o que tem no mínimo que fazes, assim em cada lago, a lua brilha, porque alta vive!!"
       Permitir-se e fazer com que dê certo o relacionamento, desejarem juntos que dê certo é MÁGICO!! Colocar-se de corpo e alma, plenamente!!! É um desafio grande, mas quem se arrisca, pode lograr êxito e conseguir um parceiro ou parceira que romperam, certamente, as barreiras do tempo e do espaço, ressaltando que a intimidade é um encontro de almas, expresso e manifesto no corpo, templo magnífico do seu Eu mais profundo, do que És!!
            E, então, resta apenas saber o que cada um quer de si: "Intimidade ou não intimidade, o que desejo ter? E você o que deseja, quer?" (Marcia Adriana L. de Oliveira)