Olhares sócio-antropológicos sobre Filmes, textos, artigos, livros, documentários,..

Amo cinema e vejo nos filmes inúmeras oportunidades de refletirmos sobre a vida, sobre temas diversos que nos tocam de maneiras diferentes, a partir de nossas grades de leitura e nossas vivências.
Assim, faremos neste primeiro momento reflexões sobre filmes, documentários que assisti e partilhei com meus colegas de sala (educandos) e outros que assisti em momentos de lazer criativo e produtivo. E, em um segundo momento farei comentários de livros, textos, artigos, enfim, o que li e como apreendi o lido, e os frutos de minha vivência, do meu dia-a-dia, do meu vivido também. Tudo isto será partilhado aqui com cada um de vocês!!

Boa Leitura!!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Sexo e Amor


Foto: Marcia Adriana
        Muitos como a Rita Lee, tentaram fazer uma diferenciação entre sexo e amor, mostrando que são diferentes. Contudo, aqui pretendo fazer uma reflexão sobre uma complementariedade, bem vejamos...
         Quando você é uma pessoa que já teve uma relação marital com alguém, depois, separam-se, tem filhos ou não,  os olhares dos outros são não quanto a pessoa incrivel que és, as conquistas, as descobertas, o que está fazendo ou não da vida, no trabalho, com os filhos, enfim, as maravilhas aprendida ao longo dos anos e a cada segundo; mas, quanto a sua vida sexual, se está ativa ou não... Ora, para muitos fazer sexo é algo banal, corriqueiro, deitar-se com alguém é simples, pois, o que desejam é a satisfação imediata de um prazer, cada um sendo um objeto de prazer para  o outro, e ao acabar o momento, vem o vazio, ou a sensação de mais uma conquista. Porém, para outros, aos quais me integro, sexo, pura e simplesmente sexo, é vazio, pois, quando atrelado ao sentimento que se tem um pelo outro, NOSSA!! É outra dimensão, possui outros significados, que vão além da dimensão física, ocorrendo naquele momento encontro de almas, partilhas de um ser completo pleno, com outro ser completo pleno que mergulham no universo afetivo um do outro. Pessoas que  se dispõem a explorar este universo com cautela, respeitando limites, descobrindo zonas e regiões de prazer um do outro, trocando caricias, tocando com um carinho e amor enorme o corpo um do outro, cujo desejo, vai ganhando outras dimensões de cheio, de grandioso, de magnificamente maravilhoso!!Pois, um quer ser tocado pelo outro e vai sinalizando onde o outro pode tocar, como tocar, enfim, participando de um processo de comunicação fantástico, como diz, Ray Birdwistell,"ninguém comunica a ninguém, as pessoas participam umas com as outras do processo de comunicação", que segundo Winkin é orquestral, pois envolve gestos, e palavras, silêncio e música.
           Assim, para quem quer participar de um processo de comunicação com o outro, de desnudamento, não apenas físico, mas alma, qualquer desejo, não é motivo para fazer sexo, pois o que se busca é algo muito maior, que dura mais do que alguns segundos ou minutos,... É mais intenso, pois busca-se um companheiro para dividir a vida, dividir a si mesmo, dividir sentimentos, sonhos, desejos, realizações, alegrias, tristezas, comungar, e não apenas pontuar e aumentar momentos de carencia afetiva, através de qualquer transa, de qualquer encontro que não vá durar...
               É sabido que o tempo é uma construção socio-cultural, mas a dimensão e intensidade do encontro é medida pelo que sinto, pelo significado atribuido e pelas marcas no corpo físico e simbólico que irão ser guardadas ad infinitum... Por isso, estar com o outro intimamente, não é brincadeira, não é algo banal, não é mera satisfação momentanea... Mas, é um momento que se desdobrará em outros momentos de descobertas, dialogos corporais que irão aumentar a intimidade e fortalecerão a relação. Enfim, será o sexo como complemento do amor, e não a redução do amor ao sexo, na fala banalizada do "vamos fazer amor", quando as pessoas não sabem muitas vezes e jamais sentiram até aqui o que é realmente AMAR alguém, a começar por si mesmas. 
             Por isso, no AMOR, sentido, vivido, construido, porque amor não é, mas está sempre em processo de construção o erotismo, trás o prazer, faz aflorar o desejo, mas é o AMOR que fará com que o respeito que você sente por si mesma, ou por si mesmo, diga se vale ou não a pena ceder... E neste, momento, a pergunta que deve ser feita é: "O que quero desta relação?" "E, o que você quer?". Bem, se coincidir, ótimo, mas se não, é melhor tomar um bom banho, esfriar o corpo e seguir a vida, antes de um momento que deixará marcas não tão agradáveis, vazias, em cada um. Pois, mexer com o outro, com o sentimento de alguém é muito sério. 
                     Por isso, ao longo destes quase quatorze anos, prefiro continuar sozinha, a profanar o meu templo que é o meu corpo, com uma ou umas transas sem AMOR. Como diz Novalis, citado por Jean Yves Leloup, no seu livro O corpo e seus símbolos: "Lembre-se de que quando tocamos um corpo, estamos tocando um templo". E ao tocar este templo, este corpo, não estamos tocando apenas um corpo físico anatômico, mas um corpo de memórias, em que como diz Leloup, todas as nossas andanças foram registradas, todos os nosso medos, receios, todas as nossas vivências estão inscritas neste corpo, e assim tocamos corpos (corpo religioso, corpo social, cultural, psiquico,...) Daí, a nossa responsabilidade ao estarmos com um outro, ou escolhermos alguém para participar do processo de comunicação, mantendo uma relação dialógica; pois, no AMOR, não é apenas o momento, mas todas as vivências até aqui, que vão cristalizando momentos a dois, e fazendo com que o tempo seja sempre redimensionado, para que cada encontro seja único, maravilhosamente único com a pessoa com quem você está, seja no primeiro encontro, seja quinze anos ou vinte anos ou cinquenta ou mais anos depois do primeiro encontro... O olhar para a pessoa, claro, vai mudando, mas como um magnifico vinho, vai ficando cada vez mais e mais agradavel, muito e muito melhor, porque o sexo, entra como um complemento que vai sendo modificado no encontro de almas, que estas pessoas que decidiram partilhar suas vidas, casarem-se, viverem juntas, renovam a cada dia de suas vidas, fortalecendo a amizade existente entre elas; fazendo com que ao deitar e ao acordar e olharem-se, as pessoas agradeçam ao Ser SUPREMO, ao Ser Superior, a Deus, por terem encontrado uma a outra, e decidido não desperdiçar a oportunidade de se conhecerem, de serem felizes. 
             Lembrando aqui, que a felicidade é uma construção feita em terrenos sólidos, no enfrentamento em conjunto do casal das dificuldades que aparecerem, apareceram e aparecerão em suas vidas, sempre um ao lado do outro, amando-se e respeitando-se; e a cada dia querendo estar mais e mais um ao lado do outro.
                  PAZ E BEM
               (Marcia Adriana Lima de Oliveira)



              






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