INTOLERÂNCIA OU ETNOCENTRISMO:
CUIDADO!!
Infelizmente, temos vivido momentos de profunda intolerância, seja no trânsito,
seja na sala de aula, seja em casa, seja na rua, nos meios midiáticos, cujas
propagandas apontam para o não Bullying, mas os desenhos e filmes que seguem a
posteriori ressaltam-no, retratando-o no universo escolar, em casa, através do
irmão que ameaça o tempo todo o outro mais novo, enfim,.. O que se está fazendo?
Deseja-se uma sociedade homogênea, em que todos os valores devam ser iguais,
sem qualquer tipo de questionamento? Enfatizando sempre que o grupo ou os
grupos de pertencimento são melhores, deixando emergir na sua forma mais
prejudicial o etnocentrismo, que em outras palavras significa a valorização
excessiva da sua cultura, sem respeito algum pelas demais? Ou se deseja uma
sociedade heterogênea, em que a diversidade seja a tônica? Em que o
individualismo predomine sobre a individualidade? Em que cada um tenha que se
virar de qualquer jeito? Em que não haja possibilidade alguma de diálogo, pelas
diversidades prevalecerem sobre a chance do igual, do comum? Ou ainda,
deseja-se a sociedade em que tanto se possa ter a singularidade, as diferenças,
o mais alto que o outro, o que gosta mais de uma disciplina do que da outra,
por identificar-se mais com esta e não com aquela; contudo, que comunguem das
mesmas leis do grupo em questão, que afirmam em primeira instância que:
"todos são iguais perante a lei"; sendo que jamais queiram enfatizar
que a igualdade a que se referem seja a anulação da diferença?
Bem, nos dois primeiros questionamentos, seja a valorização do igual ou do
diferente, tem-se o etnocentrismo, que irá exacerbar a intolerância, o que é
maléfico para todos, pois, começa-se a construir em volta das pessoas muros
invisíveis, simbólicos de segregação, de preconceitos, de desrespeito a
diversidade, a diferença qualquer que seja ela... E, tudo isto leva a morte, a
tristeza, a desconfiança e ao desconforto, a uma guerra civil que vai se
instalando através da violência urbana, da violência que se manifesta além da
dimensão física, mas ataca o psíquico, fazendo com que o diferente se veja
acuado, com medo, com pavor de sair, de se manifestar de que forma for...
Contudo, está no último questionamento que prioriza uma sociedade em que iguais
e diferentes possam conviver de maneira respeitosa, em que a lei, contida na
nossa Constituição de que: "todos são iguais perante a lei", conforme
falado anteriormente, que permeia nossas relações, faça todos entenderem que
vivemos em uma diversidade cultural, religiosa, étnica, ideológica, ..., mas
somos Seres Humanos, somos Ser Gente, pessoa, que além de termos a nossa
individualidade, singularidade, oriunda de nossa subjetividade, somos, sujeitos
sociais, que aprendemos valores, crenças dos grupos com os quais convivemos, e
com estes, deveríamos aprender a respeitar o outro incondicionalmente,
praticando o relativismo cultural, ou seja, o compreender que existem outras
culturas que não apenas as nossas...
E, desta maneira, os olhares no universo midiático também sofreriam uma
alteração para melhor, por retratarem no que é mostrado, o respeito, muito
maior que a tolerância em si, pois a tolerância sozinha, sem respeito, torna-se
algo forçado, que deve-se fazer ou aceitar porque TEM QUE... Mas, com o
respeito, aprende-se que não se precisa aceitar o outro, em todas as suas
singularidades, apenas RESPEITAR O OUTRO INCONDICIONALMENTE, dizer ao outro: “POSSO
NÃO ACEITAR, POR "N" MOTIVOS AS SUAS, NOSSAS DIFERENÇAS, MAS EU TE
RESPEITO, TU ME RESPEITA E, MESMO ATRAVÉS DAS DIFERENÇAS, PODEMOS DIALOGAR,
PODEMOS CONVERSAR, PODEMOS PERCEBER QUE O SER HUMANO QUE CADA UM DE NÓS É, É MAIOR
QUE AS DIFERENÇAS VISTAS”. E, neste momento, chega-se a um segredo, retratado
por Claude Lévi-Strauss e vários outros estudiosos, começa-se a perceber que
por trás de diferenças, existem semelhanças, existem pontos de encontro, de
familiaridades e não só de estranhamentos.... É aqui que reside a nossa grande
magia, o nosso grande tesouro: SABERMOS E APRENDERMOS A DIALOGAR,
RESPEITOSAMENTE, NA DIVERSIDADE.
Paz e bem.
Marcia Adriana Lima de Oliveira