Olhares sócio-antropológicos sobre Filmes, textos, artigos, livros, documentários,..

Amo cinema e vejo nos filmes inúmeras oportunidades de refletirmos sobre a vida, sobre temas diversos que nos tocam de maneiras diferentes, a partir de nossas grades de leitura e nossas vivências.
Assim, faremos neste primeiro momento reflexões sobre filmes, documentários que assisti e partilhei com meus colegas de sala (educandos) e outros que assisti em momentos de lazer criativo e produtivo. E, em um segundo momento farei comentários de livros, textos, artigos, enfim, o que li e como apreendi o lido, e os frutos de minha vivência, do meu dia-a-dia, do meu vivido também. Tudo isto será partilhado aqui com cada um de vocês!!

Boa Leitura!!

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

O que é ser alguém Doce?

       Bem, as pessoas que gosto, amo chamo de Lindas, Lindos, fofas, fofos. Nem, todos e nem todas, porque, primeiro cria-se o vínculo afetivo e depois, chama-se,e ainda pergunto se incomodo chamando assim, ou não.
        Porém, as vezes, há uma confusão. Qual é a confusão? Acredita-se que o tratar bem ao outro, ou a pessoa que faz isso é "boazinha", uma categoria que agrega "tolinha", "bobinha", "inocente", "ingenua"... Errado, doce e errado equívoco...
         Ser doce, é acima de tudo, você está conectado, atento a tudo o que acontece, mas sempre busca repeitar o outro, enquanto tentar colocar-se no lugar dele (a) também. Por isso, o olhar é um olhar suave, pois, neste universo da doçura, do ser Doce, o julgamento do outro, pode até ser feito, porque todos nós, a priori somos etnocêntricos (ou seja, tendemos a olhar o outro com nossos referenciais, nossa cultura, ora exaltando o nosso grupo, ora diminuindo-o, em ambos os casos o etnocentrismo se faz presente), mas, para os que conseguiram sair do seu etnocentrismo, temos o olhar relativista, que não relativiza tudo, mas respeita o outro, no que ele trás.... sem tecer julgamentos, e se o fazemos, imediatamente, convertemos este julgamento em tentativas de compreensão da ação. Afinal, só se pode dar o que se tem.
         Por isso, uma pessoa doce, pode ser uma pessoa zangada? Sim, perfeitamente, porque ser doce, não é aceitar injustiças, ouvir críticas sem medidas e equivocadas em silêncio profundo, como se concordasse com tudo o que está sendo dito... Não!! Definitivamente NÃO! Ser Doce, é mesmo dentro de uma discussão, ser capaz de se posicionar, sem emitir um palavrão, é buscar palavras, mesmo que duras, mas, necessárias no momento da discussão para que, em seguida consigam restaurar a paz. É falar duro, quando tiver que falar duro, ou mais suave, quando tiver que assim ser... Sem perder a sua essência, que é a doçura, a polidez do falar ao outro como gostaria que falassem consigo.
        E, ser doce é ser grosseiro? Bem, depende do referencial auditivo, porque cada pessoa interpreta a palavra ou a fala de um jeito. Como disse, tem coisas que tem que ser ditas, e acho que tudo tem que ser dito, mas no momento certo, do jeito certo.. E, se agrido o outro, xingo, o outro, desrespeito o outro... como posso encontrar um eixo de equilibrio e reativar a doçura?
         Bem, com certeza, a diferença de uma pessoa doce para outra que não é, está aqui. A pessoa doce, mesmo se exaltando, deixará prevalecer a doçura, o carinho, o afeto, o amor que existe dentro de si, e sendo grosseira, ou passando dos limites toleráveis de uma calorosa discussão, jamais agredirá o outro pessoalmente, ataca as ideias, os pensamentos, discute as ideias... gosta ou não gosta das ideias, e continua amando o ser humano com quem fala. E, em nome deste amor a este ser humano pessoa, tão falho quanto você, sempre, estando errada volta a trás, ou recua... mas, tenta a Paz.
            Por isso, como pessoa Doce que sou, sei o quanto é difícil, não xingar, se irritar, mas, mesmo que eu faça tudo isso, em algum momento,porque sou humana... o coração cheio de amor transborda e busca sempre a Paz, o equilíbrio, o entendimento, o retorno a ordem,,, ou outra ordem, ou até a um maravilhoso caos criativo e instigantemente provocador... mas tenta o diálogo e, se não consigo? Bem, mediante tantas tentativas não me desespero... E, quando menos espero, tudo se resolve, porque o coração está aberto.
            Ah!! Mas, nem tudo precisa ser dito, o silêncio é tudo... Bem, não concordo com isso. O silêncio para mim é tudo e nada ao mesmo tempo. Explico, se duas pessoas sabem, porque já disseram uma a outra o que pensavam e sentiam... E, ao se encontrarem silenciam, o silêncio é tudo, porque eu sei o que se passa com o outro; e, neste caso passa a ser de ouro porque guarda o segredo da conversa tida. Mas, se um pensa algo, o outro outra coisa, e não dizem nada? O silêncio é terrível, angustiante porque ninguém se entende.. um fala alhos e o outro bugalhos e ninguém se entende... O corpo fala quando conhecemos este corpo com a convivência, perguntando, conversando, observando e perguntando se o que está sendo observado é o que se pensa que é.. e assim, vai-se decodificando o mapa corporal... Mas, dizer que entende só olhando? Equívoco... porque os gestos possuem inúmeros significados e somente quem está fazendo o gesto é quem pode dizer com precisão o que ele significa. Como diz Clifford Geertz (1989) no livro dele A interpretação das culturas:"se falar a alguém é difícil, falar por alguém é absurdamente complicado." Porque trabalhamos com interpretações. Por isso, defendo que tudo tem que ser dito, na hora, momento, certo, mas tem que ser dito... para evitar más interpretações.
               Enfim, a vida não é complicada, mas, as vezes, a complicamos, exatamente, porque não acreditamos que alguém possa ser doce, zangada, humana, tudo ao mesmo tempo... Que coisa somos, não?!  E, por isso, fica a dica maravilhosa: A vida é preciosa e a doçura não nasce conosco, mas aprendemos a ser doces, quando nos colocamos de coração aberto para o aprendizado, a aprendizagem que a vida nos proporciona. E, assim, é isso sejamos apenas humanos e a vida agradece!!! (Marcia Adriana Lima de Oliveira)


               

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