Olhares sócio-antropológicos sobre Filmes, textos, artigos, livros, documentários,..

Amo cinema e vejo nos filmes inúmeras oportunidades de refletirmos sobre a vida, sobre temas diversos que nos tocam de maneiras diferentes, a partir de nossas grades de leitura e nossas vivências.
Assim, faremos neste primeiro momento reflexões sobre filmes, documentários que assisti e partilhei com meus colegas de sala (educandos) e outros que assisti em momentos de lazer criativo e produtivo. E, em um segundo momento farei comentários de livros, textos, artigos, enfim, o que li e como apreendi o lido, e os frutos de minha vivência, do meu dia-a-dia, do meu vivido também. Tudo isto será partilhado aqui com cada um de vocês!!

Boa Leitura!!

sábado, 24 de dezembro de 2011

PARTILHAS NATALINAS: REFLEXÕES SOBRE O SENTIDO DO NATAL!!

        Chegamos ao término de mais um ano. Contudo, antes do término, propriamente dito, no início de dezembro, os Cristãos começam a vivenciar o Advento, "anunciando a chegada de Deus", na forma de um menino que foi chamado de Jesus Cristo.
              Cristo nasceu e foi conquistando o mundo, não através da força, mas através da palavra e de todas as suas ações e, nestas, o amor que foi incondicional. Amor manifesto aos pais, na forma de respeito, consideração; manifesto a Maria Madalena, em que independente do que ela fez anteriormente, Ele a perdoa; as crianças, idosos, enfim, a todos indistintamente. Deixando para nós o seu mandamnto maior:"Amai-vos uns  aos outros como eu vos tenho amado". E, a questão hoje é como tenho amado a mim, ao outro, aos outros a minha volta, então? O que é amor?
                 Muitos conceitos de amor existem, tais como: "fogo que arde sem se ver; ferida que dói e não se sente; calmaria, tranquilidade, paz..." Bem, se trabalharmos com "o fogo que arde sem se ver, ferida que dói e não se sente..." É complicado porque dá a idéia de que o amor é insensível, como uma hanseníase, doença que oculta a dor, em que há a perda da sensibilidade,... Será isto o amor? Acredito que não. Amar não é ficar entorpecido, inconsciente, sem sensibilidade.... Amar é a consciência, ou a tomada de consciência de um outro que é tão pleno quanto você que ama.
                     Consciência, estar ciente dessa existência pressupõe a vida, pois, ao tomarmos consciência de algo, alguém ou alguma coisa, ela passam a tornar-se presente, materializar-se, mostrar-se... Então, pode-se dizer que Amar alguém é ter a consciência da existência deste alguém, que passa a ser e se fazer presente na sua mente, no seu ser simbólico e também físico, porque sente-se o toque, sente-se o perfume, sente-se a respiração, sente-se todas as manifestações da vida que emerge e ganha corpo no encontro físico ou apenas não- físico, mas físico pelas sensações que se experimenta.   
                        NOSSA!!! E, no relacionamento mais intimo com alguém, em que o Amor deveria prevalecer, pois a consciência nos torna livres, já que somos livres não por fazermos o que queremos, mas por termos a consciência de que temos escolhas e que a cada escolha feita optamos por assumir todas as responsabilidades que ela trás. Assim, estar com o outro que se ama, é vê-lo, ter a consciência deste outro, de suas qualidades e defeitos, mas ainda assim, querer, desejar estar com, partilhar de sua vida com, estar-se preso, comprometido, por vontade própria. Desejar vivenciar uma vida a dois, requer negociações, que ora um ceda aqui e o outro acolá, já que são seres humanos plenos e os desejos se pluralizam neste sentido, então, o querer estar com enquanto expressão do amor é maior que o EU, pois passa-se naquele momento, ao conhecimento, a consciência do NÓS. Duas pessoas ao partilharem de suas vidas e reafirmarem suas existências todos os dias pela consciência um do outro, denominada Amor.
                       E, o Amor no sentido mais pleno, extensivo, não apenas a relacionamentos mais intimos, mas ao outro, em especial que não gosto tanto... Bem, este amor incondicional, mostra-nos a existência ou tomada de consciência da existência do outro, no sentido mais amplo, pois, tomo consciência de sua existência e de sua simpatia ou antipatia, tomo consciência que temos semelhanças ou que somos diferentes, e, que as diferenças são apenas diferenças, nem melhores, nem piores apenas diferenças... Acredito que do respeito incondicional ao outro emana o Amor, ou o sentido maior do Amor.
                      Assim, Cristo não julgou, apenas nos ensinou que vivemos em um mundo plural, com idéias, valores, crenças plurais em que o Amor é real, a necessidade de tomarmos consciência não apenas da nossa existência, mas da dos demais seres vivos, faz com que ampliemos o olhar do EU para o mundo, o cosmos, os múltiplos NÓS, conforme supracitado, auto-percebendo-se como a VERDADE que liberta, de que não estamos sozinhos, e nem somos sozinhos, mas estamos em grupo, mesmo que os membros deste não se conheçam, todos  pertencemos a mesma TERRA, o CAMINHO, porque Cristo mostra que a partir do momento em que você tem o Amor, ou a consciência de si e do outro, as escolhas de vida pautam-se ou deveriam pautar-se no respeito, nas escolhas conscientes, no exercício da liberdade, que somente é possível, como vimos, através da consciência. E, por fim, a VIDA, vida que é mais do que a matéria, Vida que se multiplica na infinidade de conexões espirituais que fazemos ao longo das existências. Encontros, que ganham dimensões maiores do que apenas, no caso de relacionamentos mais intímos, fisicos... Pois, o desejo é o que não se tem e quando se tem ele desaparece.. e o Amor é perene, como um rio farto, limpo, translúcido, forte e calmo ao mesmo tempo... Enfim, encontro de Almas é maravilhoso!!!
                      Portanto, o Natal, tem um sentido mágico por nos mostrar o AMOR de Deus, a tomada de consciência de Deus sobre cada um de nós, e da necessidade que Ele sentiu, de nos ajudar, através de Cristo a tomarmos consciência da nossa existência terrena, do que fazemos ou estamos fazendo com ela e com todos os demais seres vivos, viventes e habitantes desta grande casa que temos que é a mãe Terra. Tomarmos consciência de que eu tenho que me amar primeiro, eu tenho que primeiro ter consciência de mim, ou sobre mim, para depois ter a consciência do outro, perceber e respeitar o outro, como me percebo e me respeito. Como Cristo diz:"Um mandamento vos dou, amai-vos uns aos outros como eu vos tenho amado"....
                            Assim, sendo DESEJO A TODOS UM FELIZ NATAL!!!!! E, que a cada dia, estejamos vivenciando o Natal em nossas vidas!!! PAZ E BEM A TODOS!!!
                                                                                                       (Marcia Adriana Lima de Oliveira)












domingo, 20 de novembro de 2011

EDUCAÇÃO: UM OLHAR PLURAL E SENSÍVEL SOBRE O OUTRO

           A educação como diz o Paulo Freire, faz-se num processo dialógico, em que nesta troca, aprender a fala do outro é fundamental para que ambos possam participar juntos do processo de comunicação (WINKIN, 1998) e, consequentemente, a Educação seja concretizada.
            No Ensino Fundamental, momento em que a criança está no processo de assimilação das regras da escrita, e, do olhar o universo mais fragmentado, nas diversas disciplinas que irá cursar, com professores plurais faz-se necessário que cada professor (a) assuma o seu papel com amor, competência, responsabilidade, respeito e carinho; não apenas pela sua profissão, mas pelas crianças que estão na sua frente.
                Esta atitude respeitosa, dará a criança auto-confiança, o fará aprender, crescer. Cada criança tem um ritmo de aprendizado, então, as crianças que já sabem, não deveriam ser o foco exclusivo do docente que conduz o processo de aprendizado, mas, principalmente, aquelas com mais dificuldade, pois as que já sabem ou aprendem facilmente, o professor irá manter e expandir este conhecimento maravilhoso, contudo, quanto ao que tem dificuldade, poderá passar tarefas diferenciadas para complementar a da turma, estimulos, incentivos, enfim, uma injeção de animo constante que fará com que cada conquista seja valorizada. Afinal, o pequeno para nós, pode ser algo, extremamente importante para a criança, portanto, parabenizá-la por todas as conquistas, conforme dito é fundamental.
                    Como diz Georgina Quaresma Lustosa no seu livro O Educador Biocêntrico: quem é este sujeito? Deve-se olhar o outro na sua totalidade, e não apenas partes. Valorizar a Vida que emana do entusiasmo do aprendizado, das conquistas, da superação das dificuldades no caminho deste aprendizado é fundamental! E, no final, a avaliação passa a ser plural, valorizando não apenas o conteúdo trabalhado em sala, mas, a postura, a socialização, a criatividade, a interação, observando que os tímidos, também estão e fazem-se presentes na sua atenção ao que é dito, ao que fazem, a partir do sugerido em sala. 
                          Logo, avaliar não é apenas quantitativa, pontual, mas processual em que a frequência, os trabalhos realizados em sala e as atividades da escola realizadas em casa, as arguições nas aulas, o que cada um aprendeu e assim o demonstrou em vários âmbitos, enfim, o crescimento, tudo passa a ser avaliado, e a dimensão escrita desta, aparece apenas como mais uma, pois o que conta é o que a criança aprendeu neste processo, é a diferença que o (a) docente fez no seu comportamento, enfim, é isto o que vale. E, que com certeza é maior do que 0,1 uns décimos necessários para que a vitória plena seja sentida pela criança, mostrando que o seu esforço valeu muito muito a pena. 
                              É isso!! Precisamos de uma educação que tenha nos seus educadores olhares mais plurais e sensíveis a cada criança, pessoa com quem estão interagindo, fazendo valer a máxima de Paulo Freire que diz:"ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, a educação se faz mediada pelo meio". E, principalmente, não se participa da Educação sem AMOR, sem SENSIBILIDADE!!

                                       PAZ E BEM!!
                                                                                              (Marcia Adriana Lima de Oliveira)

Obs.: Fotos tiradas por mim, Marcia Adriana, em que me encontro com momentos de aprendizado com meu filhão. Sendo que a idéia do pintar o chão com giz  colorido, foi da minha irmã que também é uma grande Educadora Biocêntrica!!

domingo, 6 de novembro de 2011

Intimidade ou não intimidade, o que desejo ter?

Já no século XVIII, conforme Louis Dumont, as pessoas começaram a ficar cada vez mais ensimesmadas, retraídas, preferindo a não intimidade, posto que o que desejavam era tudo cada vez mais para si. Um egoísmo exacerbado denominado individualismo. 
        Individualismo que separa as pessoas, colocando-as para se relacionarem não como pessoas, mas como pessoas e objetos. Coisificar o outro, ver o outro como mero objeto de prazer momentâneo ou duradouro, mas apenas prazer... Fez com que estas mesmas pessoas jamais se deleitassem com o prazer da intimidade.
    Séculos XIX e XX vem com duas abordagens o do não a intimidade, e o da transformação desta no olhar de Anthony Giddens, que chama cada uma das pessoas a repensarem suas relações, e, ao mesmo tempo compreender as mudanças na intimidade, no amor, na sexualidade, no erotismo.
      Giddens diz, no seu livro 'A transformação da intimidade. Sexualidade, amor e erotismo nas sociedades contemporâneas', que existe uma categoria chamada de 'relacionamento puro'; sendo que pureza aqui não significa ingenuidade, inocência, mas sim o retirarmos as amarras dos estereótipos acerca do ser amado como deus, ou deusa, como super herói ou mulher maravilha, e começarem a ver um ao outro como são, ou estão se tornando, seres humanos plenos com qualidades e defeitos. 
         O olhar o outro como ser humano pleno, dar mais segurança, conforto a ambos por saberem que não precisam mascarar o que não são e, por isso, irão se permitir amar e ser amado, de maneira tranquila, sem medos, receios de mostrar-se e ser rejeitado ou rejeitada.
         É interessante falar sobre a temática em questão, porque com o século XX e XXI, veio toda a enfase na contemporaneidade, na rapidez, na não-intimidade, na fluidez das emoções, na volatilidade dos sentimentos, enfim, na liquidez das relações. Bauman, foi um dos autores que mergulhando neste universo líquido escreveu a Modernidade líquida, o Medo liquido, o Amor liquido, o tempo liquido, enfim... Um retrato das relações que enfatizam a não intimidade.
           Contudo, o pensar no relacionamento puro, em que o casal caminhará lado a lado, partilhando  suas vidas, sonhos, tristezas e alegrias trás esperanças de que em um mundo tão grande como o nosso, ainda existem pessoas que desejam se envolver, sair juntas, conversar, trocar idéias, partilhar conquistas e se terem apoio mútuo  nas dificuldades, enfim, pessoas que queiram a intimidade, queiram permitir-se viver plenamente um relacionamento, colhendo frutos magníficos que será e que é o poder chamar cada um ao outro de companheiro, companheira, amigo, amiga, amor, tudo!! Tudo!!! Como já disse Fernando Pessoa: "Para ser inteiro, sê todo. Nada teu exagera ou exclui. Põe tudo o que tem no mínimo que fazes, assim em cada lago, a lua brilha, porque alta vive!!"
       Permitir-se e fazer com que dê certo o relacionamento, desejarem juntos que dê certo é MÁGICO!! Colocar-se de corpo e alma, plenamente!!! É um desafio grande, mas quem se arrisca, pode lograr êxito e conseguir um parceiro ou parceira que romperam, certamente, as barreiras do tempo e do espaço, ressaltando que a intimidade é um encontro de almas, expresso e manifesto no corpo, templo magnífico do seu Eu mais profundo, do que És!!
            E, então, resta apenas saber o que cada um quer de si: "Intimidade ou não intimidade, o que desejo ter? E você o que deseja, quer?" (Marcia Adriana L. de Oliveira)
                       

sábado, 10 de setembro de 2011

Coisas de menino e coisas de menina....


           Ao chegar em um aniversário de uma princesinha, presenciei uma cena muito interessante que é uma das linhas de pesquisa no campo da antropologia e da sociologia, a questão de gênero. O fato foi que a princesinha foi presentada com a casa de brinquedos da Polly, e ela logo quis abrir, montar, vê-la fora da caixa. Então, a que a presenteou, pôs- se abrir e montar, e, meu filho, prontamente, estava ao lado, e pegou as peças para ajudar na montagem, como se fosse um quebra-cabeça. Neste interim, o filho da que a presenteou passou e perguntei:" Você não vai ajudar a montar também?" E, ele, prontamente, me respondeu:"Isto não é coisa para homem". Então, falei:"e você não terá no futuro uma casa? E não participará nas atividades de sua casa?". E, ele continuando o diálogo disse:"Não, vou ser jogador de futebol e não terei tempo para isto".
             Com estas questões, outras vieram e, na medida, do possível, fomos tentando sucitar reflexões e olhares para o que aquele menino não havia pensado ainda... E, mais que nunca percebi uma continuidade, na postura do garoto, que reproduz valores que lhe foi passado pelos seus pais, reafirmando a supramacia de gênero, na qual a rua fica para o homem e a casa para a mulher, e a mudança, na postura de meu filho, que não se incomoda em montar uma casa de boneca para sua amiga, ou até mesmo brincar, posto que em nossa casa, trabalhamos a cooperação, os cuidados conjuntos com a casa, arrumar, manter arrumado, organizar as coisas e, ele cooperar para esta organização, pois, um dia quando ele precisar, saberá fazer e contribuirá com sua companheira. E, com certeza estes cuidados jamais farão dele menos homem, mas sim farão dele um homem que também cuida, ajuda, coopera sem problema.
                Esta situação me remeteu as alterações nos brinquedos em decorrência das modificações nas relações de gênero, afinal, o brincar, o lúdico, a brincadeira é uma ponte no processo de socialização do grupo, que faz com que a criança aproxime-se do universo adulto. Por exemplo, na minha infância, as bonecas eram princesas, mães... Hoje, 2011, as bonecas são dentistas, advogadas, professoras, médicas, enfim, tem uma profissão, uma graduação. Elas dirigem, tem carros, pista de corrida, são pilotas, enfim, refletem as nossas conquistas como mulheres que passaram por várias situações como o desquite na década de 60, o divórcio  em 1977/78, a alteração no conceito de família na Constituição de 88, que dentre outros feitos garantiu a nossa cidadania, dizendo que "homens e mulheres tem os mesmos direitos tanto dentro quanto fora do âmbito doméstico", as mudanças quanto aos casamentos que antes da década de 80 eram mais cedos 17 a 20 anos no máximo, e hoje vão sendo realizados a partir dos 30 anos até o infinito da idade.
                   Quanto aos homens também observamos as mudanças, pois, tem-se que com o divórcio, começam a surgir as famílias monoparentais, em que alguns ficam com os filhos e aprenderam a cuidar, a olhar para o âmbito doméstico, ir as compras, trocar fraldas, fazerem cursos de culinária, participar das reuniões de pais, acompanhar os filhos na escola, enfim, engajarem-se no universo que era considerado apenas feminino, o que ampliou o olhar e a dimensão de homem.
                     Neste sentido, tanto homens quanto mulheres são diferentes quanto aos hormônios, a genitália (SALVE POR ISSO!!!), mas iguais em direitos e deveres, ninguém caminhando na frente ou atrás, exceto se a cultura do grupo assim o impuser, mas caminhando lado a lado.
                       Assim, percebe-se que as questões de gênero, continuam a nortear as nossas relações sociais, interpessoais, sejam dentro ou fora do âmbito familiar, sendo reproduzidas valorizando a hieraquia de gêneros citada por Richard Parker em seu livro, Corpos, prazeres e paixões, ou valorizando o relacionamento puro (companheirismo) presente no pensamento de Anthony Giddens no seu livro A transformação da Intimidade; sexualidade, amor e erotismo nas sociedades contemporâneas. Mostrando aqui, o que pesquisei na graduação e no mestrado as continuidades e mudanças nas relações familiais, a partir dos olhares que temos e repassamos aos nossos filhos acerca do que consideramos coisa de menino e coisa de menina.
                                                                  (Marcia Adriana Lima de Oliveira)
                     
                     

sábado, 3 de setembro de 2011

O Amor, a Razão e o Medo...

O Amor é algo que deva ser sentido com profundidade, suavidade, leveza.... Não com medo..
O  Medo chega e toma conta do coração, da mente de quem se pega amando alguém que dizia que "não poderia amar, porque hoje se estava junto, mas amanhã poderia não estar", e, o coração que foi conhecendo aquele ser maravilhoso, mesmo ciente dos riscos, e, exatamente, pela consciência dos riscos passou a ficar cego pela razão...
A razão que dizia:" Eu não vou sofrer, não vou me envolver"... Já estava sofrendo e extremamente envolvida..
Um dia o Amor perguntou a Razão:"Você acha que devo seguir meu sonho e viajar, ou ficar?" A razão, com medo de deixar o coração falar e dizer:" NOSSA!! Agora que começamos a nos conhecer melhor, não vá, fique comigo, eu te amo..."Não, não disse nada disso, muito pelo contrário, colocou-se no muro dizendo:"Escolha, apenas você pode fazer esta escolha". O Amor, triste pela resposta, levantou e saiu, deixando a razão chorosa, pois, não era o que ela gostaria de ter dito...
O deixar de dizer, de fazer... Nossa!! São coisas que atormentam a razão, quando ela deixa o coração falar sobre o Amor... O Amor que parecia correspondido, temeroso, pelas pressões, mas parecia correspondido... através dos momentos em que estiveram juntos, das conversas, do entendimento, do envolvimento, do desejo, do toque, da suavidade, do sorriso, do sentir-se bem na presença do outro, do partilhar de suas vidas, enfim... A razão, conheceu sim o Amor...
Pena que o medo de perder, de não se vê mais com o Amor, de não mais partilhar de sua vida com ele, foi tão forte, que a razão passou a usar "Eu vou fazer", mais do que "Nós vamos fazer"... E o Amor, foi ficando cada vez mais triste, sentindo que a razão era insensivel a sua dor, a suas dúvidas, a sua angústia, e que a razão era egoista por só pensar nela. Que Pena!! O Amor, não percebeu, que as suas palavras primeiras de "hoje estamos juntos, mas amanhã podemos não estar" foi quem fez com que o amor que a Razão sentia pelo Amor, fosse colocado de lado,  fazendo com que o medo predominasse...
Até que um dia, chegou o Argumento, que dizia:"Deixa o Amor em paz, afinal, ele já ama outra pessoa mesmo" "Deixe-o ir", e a Razão disse:"Tudo bem, se é para o bem do Amor, se ele ficará feliz, então, deixo-o ir". E, o Amor se foi, casou-se, separou-se, casou-se novamente, enfim,...segue amando!! E a Razão, após anos a fio, continua a racionalizar emoções, sentimentos, colocar-se em uma redoma, mas que ilusão!!, o não viver o amor, e outros amores.... entristeceram a razão, que fica feliz com suas outras conquistas e crescimento profissional, racional, intelectual,... mas o emocional... ficou com o Amor... o amor... que um dia... deixou...
Mas, em seus momentos de emoção, quando deixa falar o coração, lembra-se de que um dia amou e foi, ou achou que foi amada pelo Amor. A reciprocidade é o sentimento que devolve a Razão momentos de Felicidade!!
E, como diz Vinícius de Moraes, no Soneto de Fidelidade: "O Amor não é infinito posto que é chama, mas que seja eterno enquanto dure". (Marcia Adriana Lima de Oliveira)


domingo, 28 de agosto de 2011

A VIDA FLUI...



A VIDA FLUI...


               Assisti a um filme chamado "Simplesmente Complicado" e, ao final, a mensagem foi, não vale a pena viver no passado, pois a Vida Flui... Ela segue o seu curso como o mar, como o rio para chegar ao mar, misturar-se ao oceano....
                Como já dizia Heráclito:"o homem não banha no mesmo rio duas vezes, porque nem ele é o mesmo e nem a água o é". Este movimento dialético que animou tantos pensadores, dentre eles Karl Marx, que ressaltou  os quatro princípios fundamentais da dialética: "tudo está interrelacionado; tudo se transforma; a transformação é qualitativa e a luta dos contrários".
                Uma bióloga, geneticista maravilhosa, disse que os mistérios sobre o retardar o envelhecimento já havia sido descoberto, mas que junto com a descoberta, vinham várias doenças, porque, a célula foi feita para morrer, ou seja, não nascemos, realmente, para a imortalidade neste plano...
                E, com estes três pensamentos acima, sobre o filme, os pensadores e a fala da geneticista precebe-se que o fluxo da vida é, como todos sabem, certo, pois a Vida flui sempre, contudo, ao nascermos e entrarmos no barco, vamos guiando o fluxo ou apressando ou retardando - o, cientes de que jamais será evitado, ou negando oportunidades maravilhosas de parar e aproveitar momentos únicos, ou ainda,  escolher sermos felizes, mesmo que apenas por instantes, ou ainda por toda a vida, com tudo o que ela trás...
                Ter consciência destas teorias da dialética, do movimento, dos aprendizados que negam ou questionam as "verdades de outrora" que passam a ser outras a cada momento, num movimento maravilhosos de continuidade e mudança, isto é fato. Contudo, por que mesmo sabendo disso nos prendemos a passados, sejam fatos, momentos, amores, vivênci
as, emoções que, por vezes, são prejudiciais ao momento atual, por nos prender no meio do rio com âncoras do passado que nos impedem de continuarmos a fluir, ir com as águas do rio? E, nesta escolha, vamos ficando presos no mesmo lugar de memórias, apenas vendo  novas águas passarem e tocarem o casco do barco, mas não nos permitimos sequer ver como são, o que trazem, ou colocarmos o pé na água... As seguranças... As certezas que construimos, e que podem ser desconstruidas e reconstruidas, ou não construidas, mas substituidas por outras conforme o contexto que se está vivenciando neste momento...
                  Escolhas? Escolher ser feliz ou maturar tristeza... Será isto uma escolha? Romper estes grilhões que formam a corrente que segura a âncora e deixar o barco continuar o seu curso é uma atitude corajosa que todos podemos ter, conforme o estimulo que temos com relação ao que, realmente, queremos, ao que vemos enquanto Vida, Viver, Felicidade, Amor, Acolhida, Superação, Vitoria e Conquista!!
                  Assim, temos que pensar sempre na nossa vida, no que estamos fazendo, nas implicações e consequências, no que queremos de verdade ser, fazer e darmos o primeiro passo para que estes sonhos se materializem, pois como diz na Bíblia:"tudo é possivel ao que crê". Ao que acrescento, tudo é possivel ao que crê e faz algo para materializar o sonho, vai a luta e não cruza os braços, mas constrói e se alegra com as escolhas. Mesmo as tristes, pois estas trouxeram novos aprendizados..
                  Vivermos como eternos aprendizes, reconhecendo a imprevisibilidade da vida!! Simplesmente complicada, mas magnífica!!! Dificil, mas jamais impossível!!
                     PAZ  E BEM!
                     (Marcia Adriana Lima de Oliveira)


sábado, 13 de agosto de 2011

O que é ser pai e / ou mãe?

         

            No universo sociológico ser pai e/ou mãe são status, ou seja, posições que você ocupa como membro de um dado grupo social, neste caso, o grupo social família. Tem-se família aqui como "laços de descendência por consanguinidade ou por afinidade" (OLIVEIRA, 2003; DURHAM ,1983; ABREU, 1982; ...), ou seja, não importa se seja ou não descendentes biológicos, podem ser adotivos, ou adotados por afinidade, todos são família.
           E, quando pensamos em pai/ mãe, geralmente, associamos estas posições as pessoas que os ocupam, ou seja, os genitores, os seres biológicos que com a ajuda de seu óvulo ou espermatozóide contribuiu para que as crianças viessem a este mundo. Contudo, cada posição possui um papel social, ou seja "um conjunto de expectativas acerca do que o indivíduo que ocupa a posição deve fazer". Logo, ao ocupar a posição de pai, o que é experado que quem a ocupe faça? E da de mãe? O que uma mãe deve fazer?
             Assim, pai, mãe e filhos são posições que vão sendo preenchidas conforme a cultura, ou seja, valores, crenças acerca do que cada pessoa ao ocupá-las fará... Porém, em decorrência da diversidade cultural, do fato de sermos mais que sujeitos sociais, mas sim indivíduos, com vivências, experiências, subjetividades... Cada um de nós irá dar o seu toque a interpretação aos papéis, acrescentando falas e outras expectativas que antes, não existiam, ampliando o papel.
                E, nestas ampliações do papel social correspondente ao ser pai ou mãe, tem-se que qualquer pessoa independente do sexo, pode na família, ora ocupar a posição do pai (prover, dar segurança, proteger), ora a da mãe (acolher, cuidar, proteger, dar as direções, ...) ou a do (a) filho (a) ( quer carinho, proteção, cuidados).
                Logo, pode-se dizer que na família estamos constantemente dialogando com as várias posições (mãe/ pai/ filho (a)). E, ao ocupá-las os papeis corresponentes devem ser desempenhados a contento. E, neste momento, percebe-se como é difícil ser pai, ser mãe e ser filho (a), envolto em "n" expectativas, acerca do que se deve fazer, do como se portar, ... Uma sobrecarga, as vezes enorme, principalmente para quem é mãe solteira ou pai solteiro (entenda-se que aqui entram todos aqueles que cuidam dos filhos, independente de serem estes pais biológicos ou adotivos ).
                  Deseja-se o melhor para o (a) filho (a), mas deve-se aprender a ouvi-los acerca deste melhor... Dialogar, conversar, observar, participar da vida, enfim, quantos ensinamentos e aprendizagens... E, na escola, observar o crescimento, as dificuldades, tentar sanar as dificuldades, intervir, conversar... Professoras que são apenas professoras co-repetidoras e não educadoras, que ao serem interpeladas acerca do que fazer para melhorar o aprendizado, sentem-se acuadas e terminam "marcando" os (as) filhos (as) que estão em processo de formação (Ensino Fundamental) e veem -se diante de um obstaculo que é maior que o físico, mas é psiquico, o readquirir a auto-estima, sentir-se capaz de realizar a atividade, convivendo com este tipo de exemplo de professor, que ao meu ver, deveria desistir da docencia, pois, realmente, não acrescenta e nem faz jus a profissão... E, nós pais, apreensivos, com uma sobrecarga de status (temos trabalho, casa, escola, filhos,....) aumenta a ansiedade, a preocupação, o nervosismo, que acaba mais dificultando que ajudando...
                       Rever posturas, valores, atitudes, enfim, rever a própria vida, é uma grande grande arte. A arte da humildade, frente ao fato de que ninguém nasce pai ou mãe, ou até mesmo filho (a), vamos aprendendo a ser num continuo processo do aprender, a cada etapa da vida.
                         E o que me encanta mais, apesar das angústias neste processo é o olhar para um ser, pequeno, mas grande, aparentemente fragil, mas que é forte, e, vê-lo se aproximando, abrir um sorriso e dizer com todas as letras: "Mãe, eu te amo, vamos conseguir vencer juntos!!" É isso aí!! Vencer juntos sempre!! Aprender, crescer, amadurecer, sofrer, ser feliz, conquistar, vencer!!! Altos e baixos que chegam para sacudir a vida e nos fazer redimensionar quem somos, o que somos, o que queremos ser, e como faremos para chegar lá!! Eu quero ser uma maravilhosa mãe e dar ao meu filho, como venho dando o meu melhor para que ele cresça!! É fácil? Como disse anteriormente, não é, mas vale a pena, pois, ser Pai / Mãe é, antes de tudo, doação, responsabilidade, ser duro quando é preciso, ser molinho nos momentos certos, sermos humanos, mostrarmos que somos seres que erramos e que acertamos, mas que ao errarmos reconhecemos nossos erros, nos desculpamos e modificamos, e amamos muito incondicionalmente a pessoa que nos proporciona ocuparmos esta posição privilegiada de Pai/ Mãe que são os (as) filhos (as).
Feliz dia dos PAIS!! DAS MÃES - PAIS!!! DOS AVÔS/ TIOS- AMIGOS PAIS!!!
                                                                                                           (Marcia Adriana Lima de Oliveira)

Referência
OLIVEIRA, Marcia Adriana L. de. Separações e Divórcios: elementos que fazem parte da dinâmica familiar ou elementos de desestruturação desta? In: Revista CEUT, v.3, nº3. Teresina-Pi: CEUT, 2003




quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Minhas Reflexões sobre a letra Sonho Impossível de Chico Buarque e Ruy Guerra, intepretada por Maria Bethania



"Sonhar, mais um sonho impossível", quando o impossível talvez seja o que não conhecemos, não desejamos, não queremos...
"Lutar quando é fácil ceder", em meio a tantas facilidades, tantas oportunidades e possibilidades de escolhas, manter-se firme no ideal construido e acreditado é muito difícil....Mas possível, para quem acredita mesmo no que quer e luta dignamente em prol desta conquista, luta por melhor estudo, melhor trabalho, melhor habitação, melhor transporte, melhor qualidade de vida, melhor vida, melhor direito a ter uma família, a ter filhos, a ter amor, alegria, a voz, a vez, luta por si, pelo outro, outros, mundo, cosmo...Luta pelo que acredita...
" Vencer o inimigo invencivel", inimigo, que na verdade jamais é o outro, mas somos nós mesmos... Ninguém é mais prejudicial a nós do que os nossos pensamentos, do que os momentos em que nos deixamos levar pelo medo, pelas más impressões, pelos equívocos da vida, sem ter a coragem de esclarecer, de explicar, conversar,... Vencer o medo, superar as barreiras criadas na nossa mente e dizer: Eu posso, Eu consigo, Eu vou VENCER, E CRÊ!!  MARAVILHA!!!! VENCI!!
Negar quando a regra é vender". Em meio a uma sociedade do consumidor/ do consumo, do descartavel, da superficialidade que impede a intimidade, o envolvimento, o relacionamento, a valorização do individualismo e não individualidade, enfim,... Quando se crê, acredita-se que em meio a compra e venda, os sonhos não se vendem, os sonhos são bens raros e preciosos que nos ajudam a ter estimulo, objetivos, traçar metas, visualizar o futuro, sem perder de vista o agora, e, principalmente, valorizar a vida!! Nada disso é vendável!! E, quando aprendemos isto, aprendemos que para viver não precisamos de muito, materialmente falando. Precisamos sim, da nossa integridade, honra, dignidade, valores, amizade, família, amor pelo que se faz sempre!!
"É minha lei, é minha questão!! Virar esse mundo, cravar esse chão/ Não importa saber, se é terrível demais/ Quantas guerras terei que vencer por um pouco de paz/ E amanhã se esse chão que eu beijei/ For meu leito e perdão/ Por saber que valeu, delirar e morrer de paixão/ E. assim, seja lá como for/ vai ter fim/ a infinita paixão/ E o mundo... Vai ver uma flor, brotar do impossível CHÃO". E, assim, tem-se que nesta luta pelo direito a vida, a liberdade, enquanto consciência do assumir responsabilidades pelas escolhas feitas, do buscar viver sempre com dignidade, respeito incondicional a si, ao outro, ao mundo. O que é impossível, vai se tornando possível, o que era sonho vai se tornando realidade, dando lugar neste chão da aridez humana a flor, ao amor, a felicidade do sonho realizado para que novos sonhos surjam, brotem, floresçam a partir dO TOQUE SUAVE DE UM ABRAÇO GOSTOSO que indica que estamos VIVOS!!! (Letra: Chico Buarque e Ruy Guerra/ reflexões sobre a letra de Marcia Adriana Lima de Oliveira)








domingo, 17 de julho de 2011

A Cidade em Chamas (Afonso Lima)

   A Cidade em chamas é o livro de Afonso Lima, Advogado, Licenciado em História -UFPI e artista (ator, diretor, dramaturgo, compositor e escritor).
    Neste livro, apesar da leitura ser contagiante e fluida, pela disposição do texto que foi elaborado como "poema trágico de um crime impune", as queimadas ocorridas em uma cidade no Nordeste em meados dos anos 1940, mergulha-se no desespero de pessoas que perderam tudo, pessoas que foram forçadamente obrigadas a silenciar,e, por causa disto, este livro é dedicado aos "filhos de ninguém", pessoas que foram presas injustamente, e libertas graças a um homem, filho de pessoas influentes na época, e que foram defendidos por seu advogado, pois caso contrário terminariam seus dias na prisão.
    Assim, este livro é um misto de dor, sofrimento, angústia, superação, força, vitoria, embora na guerra, sabe-se que não há vitoriosos, uma vez que as perdas, também, são parte deste processo de lutas pelo poder.
    Neste incêndios eram interditadas ruas inteiras e, ninguém poderia entrar ou sair. Evidenciando várias mortes. Vamos ver alguns trechos para que entendam a profundidade do que se fala, através de fragmentos do Texto de Afonso Lima:
Primeiro Movimento, parte I: "Temeram as palhas da cidade na loucura de 41/ Amanhecera/ Era noite nas sarjetas da mente/ e queimava o brilho de estandartes/ subiram ruas e era triste a vida/ disseram alegrias e não chegaram"
Parte II- "Eram doridos sustos/ quando anunciaram o facho ardente/ Luzia (...) suspira um casebre seu / (...)/ 1941 tudo começara!/ o estadista grande e seus discípulos/ envoltos em maldade ou ilusão/ pensaram acabar com a miséria que habita a cidade empobrecida/ usando a caldeira pra vir a tortura Edasima e Domingos importaram.../"
1942,  "no reveillon de 1942/ os Diários se enchem de luz/ estouram-se champanhas brindando a vida e um novo ano surge assustado/ definitivamente marcado"
Na fala dos bairros, senti-me tocada, em especial, porque moro em um dos bairros que na época havia sido queimado, vejamos outros trechos de Afonso Lima:
"Cabral, Proenquanto, vai Cruzeiro/ Matinha, Matadouro, adeus Piçarra/ Vermelha, Cajueiros, Barrocão e mais lamentos e mais gritos/ e outros tantos sumindo na fumaça abraçados pelo fumo do terror"
é incrivel como as estórias foram contatas, manifestas, através do depoimento de pessoas que viveram nesta época ao mencionarmos o livro e a passagem acima.
Outro momento de Afonso Lima tão interessante como os anteriores são os que seguem a seguir:
"Quanta atrocidade em teu nome/ quanta traição aos teus filhos (filhos da cidade)/ acurralados pela 'chuva' tirana" O detalhe importante é que a palavra chuva aqui vem como sinônimo de fogo, que fora proibida de ser mencionada. Por isso, criaram a palavra Chuva para poder participar do processo de comunicação com vários outros.
 E, nesta escrita na parte IV tem-se que: "Manoel Gomes Feitosa agoniza quebrado, furado esvaindo-se devagar/ Malhado no epigástrio, no hipocôndrico, no íleo as lesões vão rompendo devagar/ pingo a pingo o sangue inunda o corpo minando a vida, a lucidez/ evaporando na fumaça a delação LIBERDADE!"
E no seu final é colocado que a palavra "fogo" volta a ser pronunciada, após mais uma batalha vencida!!

   Enfim, é uma poesia trágica, que possui no seu bojo, uma poesia denúncia!!

   Parabéns, Afonso LiMA, PARABÉNS!!!

   E, quem quizer falar com o Afonso Lima para obter a obra e conferir o que disse aqui, o endereço é: zafonsolima@hotmail.com.

    PARABÉNS, José Afonso!! Porque, através  do seu livro, nossa cidade, vai reavivando a memória e não apenas esquecendo de momentos dificeis, mas principalmente, observando o passado, não cometer, ou ver cometido os mesmos erros. SALVE!!!!!



    


quarta-feira, 13 de julho de 2011

Janela da Alma (Documentário Brasileiro de João Jardim e Walter Carvalho)

      Este foi e continua sendo um dos melhores documentários brasileiros que já assisti na proposta apresentada. O filme nos chama a uma reflexão sobre os olhos serem e terem sido considerados como "as janelas da alma". "Será que os olhos são, realmente, as janelas da alma?" "Será que a primeira impressão é a que fica?"
       Na Antropologia aprendi, com a vivência, que os olhos não são as janelas da alma, mas sim portas para equívocos, pois, no primeiro momento de um encontro com outro, observa-se, buscando traços ou características que nos coloquem em uma posição confortável com relação ao outro. Busca-se encontrar semelhanças, enfim, um encontro com um espelho, e, não com o outro como outro. E, neste processo interrelacional, os olhos julgam, pré-julgam, enquadram e são enquadrados nas dimensões culturais que permeiam nossas vidas. Fazendo que apenas a convivência, possibilite a ambos uma aproximação ou distanciamento, um real encontro consigo e com o outro como duas subjetividades, e, não projeções.
         Ao ver o documentário percebe-se na fala de Antônio Cicero que os olhos não são as janelas da alma, porque a janela não vê, "quem vê é o olho através da janela"... Oliver Sacks também diz que "os olhos como janelas, colocam-nos como passivos frente ao conhecimento ao mundo, em que tudo ou sai ou entra, e na realidade as coisas entram e saem a cada encontro, a cada conhecimento, a cada processo de crescimento, a cada partilha, assim, não somos passivos, mas sujeitos ativos, como diz Marx, críticos e reflexivos, fazedores e construtores de nossa e de outras histórias
          Outra passagem interessante é a fala de Paulo Cesar Lopes que diz: "cada experiência de olhar é um limite" NOSSA!!! Isto é fantástico!! Porque vemos, através da grade de leitura do vivido, pelo que aprendemos nos múltiplos processos de socialização, sendo este direcionado, ou fruto do imprevisivel!! Construindo um campo representacional que permeará não só o nosso olhar, mas o olhar do grupo ao qual pertencemos, ou com quem construimos um sentimento de pertença, uma identidade. Então, até entrarmos em contato com o diferente, consideramos as verdades do nosso grupo de pertencimento. Ninguém questiona o igual, é o diferente que nos chama a uma reflexão, é ele que nos coloca frente as certezas e nos mostram que existem outras certezas, fazendo-nos refutar as novas ou abraça-las, ou seja, temos um primeiro olhar etnocêntrico, preconceituoso com a vida, o mundo... Contudo, é o diferente que nos faz refletir e ampliar o olhar para outras possibilidades de leituras de mundo, em que mesmo que não as aceitemos, precisamos respeitá-las incondicionalmente, e, assim, com este olhar, entramos no universo do relativismo cultural.
             Manoel Barros, acho, diz que: "o olho vê, a memória revê e a imaginação transvê, transfigura, transforma o mundo". UAU!!! Temos aqui a chave do campo representacional, que conforme Durkheim, representações sociais são conceitos, imagens e sentimentos que Moscovici ampliou para o como esta construção ocorre, para como são formadas as representações, e, realmente, só podemos representar, ou apresentar o que conhecemos, e, neste bojo, a imaginação contribui para consolidar e ampliar este campo representacional. Geertz, em Cultura e Mente (In: A interpretação das culturas), menciona que o cerebro é a máquina, mas é a imaginação, o software que faz com esta máquina funcione. E, Leslie White, sempre disse que:" se queres conhecer o significado de um símbolo, deves conhecer o grupo que o criou" trabalhando a diversidade cultural, simbolíca no campo da linguagem.
                 Linguagem está que está sendo reduzida a imagens, e no documentário três pessoas maravilhosas abordam isto, Carmela Gross, Win Wenders e José Saramago. Carmela Gross diz:"Ninguém jamais se imagina pensando fora de foco", chamando-nos a uma reflexão sobre o que é o normal e o anormal em um grupo, são construções sócio-psiquicas- culturais. Win Wenders diz que: "Antes os filmes possuiam tomadas longas sem fala, para que o telespectador pudesse participar desta construção, entrasse ou refletisse sobre o que estava assistindo, dando vasão a sua imaginação; mas hoje, os filmes estão repletos de imagens, não precisamos mais questionar, pensar, as imagens já estão lá, dadas, postas, é só digeri-las..." e Saramago diz que:"Foi preciso que esperassemos todos estes anos para que finalmente vivessemos a caverna de platão, em que vemos as sombras, as imagens e acreditamos que são a realidade. Vivemos em um mundo imagético"..
                  Assim, as linguagens se pluralizaram, mas em compensação, as reflexões deram espaço para uma preguiça mental que assusta... Logo, sente-se a necessidade de suscitar estes espaços de questionamentos, de troca, de dialogo fazendo com que os olhares se pluralizem ou caminhem para o mesmo ponto neste universo interpretacional, simbólico.
                   E, munido deste espírito questionador Eugen Bavcar, diz que:" muitas vezes os colegas querem ver por nós, mas que é importante vermos por nós mesmos" E, neste contexto o conhecimento faz isto, leva-nos para outros olhares e visões, outras possibilidades de compreensão de mundo que jamais teriamos se não fossem nossas vivências.. Nossas vivências...
                   Também, tem-se lugar neste espaço reflexivo para a emoção, que vem do amor de Agnes Varda por Jacques que fez com que ela o filmasse através de uma aproximação da camêra que nenhuma outra pessoa poderia fazer, simplesmente, porque ela, que o amava, queria captar os detalhes mais sutis e que ficariam para sempre na sua memória através da proximidade com que observa o homem amado.. É como se ela o acariciasse com a camera e o cheirasse, o tocasse... É um momento lindo!!!
                     É um momento que nos chama a uma reflexão para o fato que vemos com todos os sentidos... E que o caminho para a alma do outro é dado em cada espaço de abertura que o outro e você dão-se, permitem-se nos seus múltiplos encontros...
                                                                            (Marcia Adriana L. de Oliveira)
                    
       

domingo, 10 de julho de 2011

Reflexões sobre Harry Potter.

      Harry Potter é uma história contada em vários livros, que foram transformados em filme, com os mais inusitados títulos e temas. E, que termina com Harry Potter e as Relíquias da Morte.
       A magia, misturada a amizade, amor, fidelidade, coragem, emoção, aventura foram os temperos maravilhosos ao longo de toda a série. Bem, como ver o crescimento dos atores que assumiram o desafio de realizar e materializar a série de Potter é encantador.
       Conforme Augé, Mead a magia só tem eficácia se você acredita nela. E, como não acreditar, por instantes neste mundo paralelo existente na Inglaterra? A relação de alteridade, que significa "a qualidade do outro", ou o encontro com o diferente e todas as emoções presentes neste encontro (JOVCHELOVITCH), está presente em várias cenas do filme, que nos coloca frente a caras, faces, rostos e pessoas as mais diferentes, em tamanho, forma, estatura, subjetividades. Personagens greco-romanos, ganham forma nas histórias de Harry Potter, o centauro, o cavalo alado, o unicórnio, dentre inúmeros outros... Sem falar do antropozoomorfismo, presente no Egito que ganha forma de vários seres presentes nos filmes..
         O gigante Hagrid mostra o quanto as aparências enganam, sendo um dos principais personagens de sua história, quase assumindo os cuidados por Harry e seus amigos. É maravilhoso!! E a constante luta entre o bem, Harry e seus amigos, e o mal, Voldemort e seus aliados, faz com que a cada filme, todos queiram saber como este vai terminar...
          Outra dimensão importante é que Harry cresce em idade, transformações corpóreas, mas também em maturidade, pois, apesar da idade, a cada filme, assume responsabilidades e tem que tomar decisões que envolvem vida e morte. Não há espaços para erros, ou dúvidas, apesar do medo, o enfrentamento deste, faz com que passe a ter outros olhares sobre a própria morte, esperando sempre o momento do confronto final.
           O respeito a diversidade, através do relativismo cultural é observado nas suas falas, embora, o universo bruxo, tenha uma visão dos não bruxos tão etnocêntrica quanto estes tem dos bruxos.
           O terror, também está presente em cenas fortes que envolvem a morte, perda, o terror, manifesto no rosto antropozoomorfico de Voldemort, hibrido, meio ofídio, meio humano e que sempre coloca Harry em apuros, mas sempre é derrotado.
            Dumbledore assume os cuidados com Harry, e somente, nas Relíquias da Morte, vê-se que ele não era o tutor de Harry, mas apenas alguém que o prepararia para o confronto final. Começam, então a procurar as horcruxes, e destrui-las, cabendo a Harry, finalizar está missão, que o faz no final do referido filme.
            E, em meio a toda esta busca pelos pais, pela família, ao longo de todos os livros. Embora, saiba que já estão mortos, mas quem eram, a saudade, enfim, o desejo de saber mais sobre si, e sua família, permeiam a série. E, neste processo de busca de si, Harry é abraçado pela família de Rony, e constrói com Gina, irmã de Rony a sua família, a sua história, e Hermione casa-se com Rony, fazendo prevalecer a amizade, o carinho, a união e a fidelidade.
            Aqui tem-se família como diz Oliveira, Durham, Abreu e outros estudiosos da família, tem-se família como "laços de descendência por consanquinidade e por afinidade", fazendo com que o amor, o carinho, a acolhida seja realizada, não por ser irmão consanguineo, mas por ser tão amigo que se tornou irmão.
            Eu, gostei do filme e de todos da série, embora, dentro do campo representacional, saiba-se que ninguém pode representar, apresentar o que não conhece....