Olhares sócio-antropológicos sobre Filmes, textos, artigos, livros, documentários,..

Amo cinema e vejo nos filmes inúmeras oportunidades de refletirmos sobre a vida, sobre temas diversos que nos tocam de maneiras diferentes, a partir de nossas grades de leitura e nossas vivências.
Assim, faremos neste primeiro momento reflexões sobre filmes, documentários que assisti e partilhei com meus colegas de sala (educandos) e outros que assisti em momentos de lazer criativo e produtivo. E, em um segundo momento farei comentários de livros, textos, artigos, enfim, o que li e como apreendi o lido, e os frutos de minha vivência, do meu dia-a-dia, do meu vivido também. Tudo isto será partilhado aqui com cada um de vocês!!

Boa Leitura!!

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

INTOLERÂNCIA OU ETNOCENTRISMO: CUIDADO!!

         Infelizmente, temos vivido momentos de profunda intolerância, seja no trânsito, seja na sala de aula, seja em casa, seja na rua, nos meios midiáticos, cujas propagandas apontam para o não Bullying, mas os desenhos e filmes que seguem a posteriori ressaltam-no, retratando-o no universo escolar, em casa, através do irmão que ameaça o tempo todo o outro mais novo, enfim,.. O que se está fazendo?
             Deseja-se uma sociedade homogênea, em que todos os valores devam ser iguais, sem qualquer tipo de questionamento? Enfatizando sempre que o grupo ou os grupos de pertencimento são melhores, deixando emergir na sua forma mais prejudicial o etnocentrismo, que em outras palavras significa a valorização excessiva da sua cultura, sem respeito algum pelas demais? Ou se deseja uma sociedade heterogênea, em que a diversidade seja a tônica? Em que o individualismo predomine sobre a individualidade? Em que cada um tenha que se virar de qualquer jeito? Em que não haja possibilidade alguma de diálogo, pelas diversidades prevalecerem sobre a chance do igual, do comum? Ou ainda, deseja-se a sociedade em que tanto se possa ter a singularidade, as diferenças, o mais alto que o outro, o que gosta mais de uma disciplina do que da outra, por identificar-se mais com esta e não com aquela; contudo, que comunguem das mesmas leis do grupo em questão, que afirmam em primeira instância que: "todos são iguais perante a lei"; sendo que jamais queiram enfatizar que a igualdade a que se referem seja a anulação da diferença?
                Bem, nos dois primeiros questionamentos, seja a valorização do igual ou do diferente, tem-se o etnocentrismo, que irá exacerbar a intolerância, o que é maléfico para todos, pois, começa-se a construir em volta das pessoas muros invisíveis, simbólicos de segregação, de preconceitos, de desrespeito a diversidade, a diferença qualquer que seja ela... E, tudo isto leva a morte, a tristeza, a desconfiança e ao desconforto, a uma guerra civil que vai se instalando através da violência urbana, da violência que se manifesta além da dimensão física, mas ataca o psíquico, fazendo com que o diferente se veja acuado, com medo,  com pavor de sair, de se manifestar de que forma for...
                Contudo, está no último questionamento que prioriza uma sociedade em que iguais e diferentes possam conviver de maneira respeitosa, em que a lei, contida na nossa Constituição de que: "todos são iguais perante a lei", conforme falado anteriormente, que permeia nossas relações, faça todos entenderem que vivemos em uma diversidade cultural, religiosa, étnica, ideológica, ..., mas somos Seres Humanos, somos Ser Gente, pessoa, que além de termos a nossa individualidade, singularidade, oriunda de nossa subjetividade, somos, sujeitos sociais, que aprendemos valores, crenças dos grupos com os quais convivemos, e com estes, deveríamos aprender a respeitar o outro incondicionalmente, praticando o relativismo cultural, ou seja, o compreender que existem outras culturas que não apenas as nossas...
                  E, desta maneira, os olhares no universo midiático também sofreriam uma alteração para melhor, por retratarem no que é mostrado, o respeito, muito maior que a tolerância em si, pois a tolerância sozinha, sem respeito, torna-se algo forçado, que deve-se fazer ou aceitar porque TEM QUE... Mas, com o respeito, aprende-se que não se precisa aceitar o outro, em todas as suas singularidades, apenas RESPEITAR O OUTRO INCONDICIONALMENTE, dizer ao outro: “POSSO NÃO ACEITAR, POR "N" MOTIVOS AS SUAS, NOSSAS DIFERENÇAS, MAS EU TE RESPEITO, TU ME RESPEITA E, MESMO ATRAVÉS DAS DIFERENÇAS, PODEMOS DIALOGAR, PODEMOS CONVERSAR, PODEMOS PERCEBER QUE O SER HUMANO QUE CADA UM DE NÓS É, É MAIOR QUE AS DIFERENÇAS VISTAS”. E, neste momento, chega-se a um segredo, retratado por Claude Lévi-Strauss e vários outros estudiosos, começa-se a perceber que por trás de diferenças, existem semelhanças, existem pontos de encontro, de familiaridades e não só de estranhamentos.... É aqui que reside a nossa grande magia, o nosso grande tesouro: SABERMOS E APRENDERMOS A DIALOGAR, RESPEITOSAMENTE, NA DIVERSIDADE.
                       Paz e bem.
                                                                                 Marcia Adriana Lima de Oliveira
                
                

terça-feira, 26 de junho de 2012

BUZINAR OU NÃO BUZINAR? EIS A QUESTÃO...


 



Hoje, vamos falar sobre a Buzina no trânsito. Bem, em 1995, quando fazia o Mestrado em Antropologia na UFPE, tinha uma colega que escrevia sobre a violência no trânsito. Em 2007, em Teresina-Pi, um colega de trabalho, cirurgião buco-maxilo-facial, fazia uma pesquisa sobre o alto indice de acidentes no trânsito, no que se refere a motoristas de motorcicleta, o que me chamou atenção; e, hoje 2012,  continuamos a refletir sobre a violência no trânsito. Contudo, vamos analisar de outra forma esta questão...
Na década de 80, Walt Disney, produziu um filme do Pateta sobre as transformações que as pessoas passam ao entrar no carro, tornando-se, dependendo do tamanho do carro, intolerantes quanto ao outro. Ela e o carro, tornam-se um só corpo que vai dizendo:"SAI DA FRENTE QUE ESTOU PASSANDO!!!" E, quem não obedece vai sendo obrigado a fazê-lo. As pessoas manifestam a sua intolerância neste momento. Reflexos da sociedade da dissolvência, usando um termo de Bauman, fluidez, liquidez que diz que tudo se desmancha, tudo é passageiro, inclusos os desejos tornam-se transitórios e as pessoas vão sentindo medo do envolvimento, da intimidade, mantendo, assim, uma distância um do outro. Mas, e a Buzina?
Bem, neste espaço do trânsito, em que qualquer descuido pode ser fatal, é importante que as leis do trânsito ajudem a dar uma ordem a este espaço, por vezes caótico, composto pelos transeuntes, ciclistas, motoristas. E, uma destas leis fala da Buzina, e de momentos em que se deve fazê-lo, colocando que esta seja evitada ao extremo, ou seja, somente em último caso se deve usar a buzina...
Bem, conforme minha experiência no trânsito em que tanto já bati o carro, quanto já fui, por várias vezes, batida... Passei a utilizar mais a buzina, e noto que ela funciona como uma voz, a voz do carro que avisa: "Cuidado!", ou "PRESTE ATENÇÃO!", ou "OBRIGADA!" E, que não deve ser omitida, utilizando a direção preventiva, percebo a buzina como um alerta, como uma amiga no trânsito, principalmente, porque o outro pode estar desatento, não deveria, mas pode estar, e esta desatenção pode custar-lhe a própria vida ou de outrem, mas que em um milésimo de segundo, com um simples toque de buzina, o outro pode ser reconduzido ao seu caminho sem problema e ainda agradecerá.
Falo aqui, da buzina como um instrumento de alerta, que por vezes funciona melhor do que a luz, o som chega com maior propriedade durante o dia, e, também em alguns momentos a noite. E, fico triste quando vejo adolescentes fazendo campanhas contra a buzina no âmbito escolar, porque, a buzina, como tudo na vida que é utilizado em excesso é prejudicial, mas na dose certa pode salvar, não apenas uma vida, mas várias.
Portanto, vamos dar mais voz ao carro no trânsito, para que no dialogo com outros possa ir participando, um com o outro do processo de comunicação, em que o toque leve seja usado como alerta, um acordar para os desatentos, um obrigada quando uma gentileza for feita, enfim, uma repreensão quando se fizer necessário... Pois, conforme minha vivência no trânsito, e como diz o ditado popular:"Pela falta de um grito, no momento certo, pode-se perder uma boiada!!"

Paz e bem

Marcia Adriana Lima de Oliveira