Olhares sócio-antropológicos sobre Filmes, textos, artigos, livros, documentários,..

Amo cinema e vejo nos filmes inúmeras oportunidades de refletirmos sobre a vida, sobre temas diversos que nos tocam de maneiras diferentes, a partir de nossas grades de leitura e nossas vivências.
Assim, faremos neste primeiro momento reflexões sobre filmes, documentários que assisti e partilhei com meus colegas de sala (educandos) e outros que assisti em momentos de lazer criativo e produtivo. E, em um segundo momento farei comentários de livros, textos, artigos, enfim, o que li e como apreendi o lido, e os frutos de minha vivência, do meu dia-a-dia, do meu vivido também. Tudo isto será partilhado aqui com cada um de vocês!!

Boa Leitura!!

terça-feira, 11 de abril de 2017

INTOLERÂNCIA OU ETNOCENTRISMO: CUIDADO!!



         Infelizmente, temos vivido momentos de profunda intolerância, seja no trânsito, seja na sala de aula, seja em casa, seja na rua, nos meios midiáticos, cujas propagandas apontam para o não Bullying, mas os desenhos e filmes que seguem a posteriori ressaltam-no, retratando-o no universo escolar, em casa, através do irmão que ameaça o tempo todo o outro mais novo, enfim,.. O que se está fazendo?
             Deseja-se uma sociedade homogênea, em que todos os valores devam ser iguais, sem qualquer tipo de questionamento? Enfatizando sempre que o grupo ou os grupos de pertencimento são melhores, deixando emergir na sua forma mais prejudicial o etnocentrismo, que em outras palavras significa a valorização excessiva da sua cultura, sem respeito algum pelas demais? Ou se deseja uma sociedade heterogênea, em que a diversidade seja a tônica? Em que o individualismo predomine sobre a individualidade? Em que cada um tenha que se virar de qualquer jeito? Em que não haja possibilidade alguma de diálogo, pelas diversidades prevalecerem sobre a chance do igual, do comum? Ou ainda, deseja-se a sociedade em que tanto se possa ter a singularidade, as diferenças, o mais alto que o outro, o que gosta mais de uma disciplina do que da outra, por identificar-se mais com esta e não com aquela; contudo, que comunguem das mesmas leis do grupo em questão, que afirmam em primeira instância que: "todos são iguais perante a lei"; sendo que jamais queiram enfatizar que a igualdade a que se referem seja a anulação da diferença?
                Bem, nos dois primeiros questionamentos, seja a valorização do igual ou do diferente, tem-se o etnocentrismo, que irá exacerbar a intolerância, o que é maléfico para todos, pois, começa-se a construir em volta das pessoas muros invisíveis, simbólicos de segregação, de preconceitos, de desrespeito a diversidade, a diferença qualquer que seja ela... E, tudo isto leva a morte, a tristeza, a desconfiança e ao desconforto, a uma guerra civil que vai se instalando através da violência urbana, da violência que se manifesta além da dimensão física, mas ataca o psíquico, fazendo com que o diferente se veja acuado, com medo,  com pavor de sair, de se manifestar de que forma for...
                Contudo, está no último questionamento que prioriza uma sociedade em que iguais e diferentes possam conviver de maneira respeitosa, em que a lei, contida na nossa Constituição de que: "todos são iguais perante a lei", conforme falado anteriormente, que permeia nossas relações, faça todos entenderem que vivemos em uma diversidade cultural, religiosa, étnica, ideológica, ..., mas somos Seres Humanos, somos Ser Gente, pessoa, que além de termos a nossa individualidade, singularidade, oriunda de nossa subjetividade, somos, sujeitos sociais, que aprendemos valores, crenças dos grupos com os quais convivemos, e com estes, deveríamos aprender a respeitar o outro incondicionalmente, praticando o relativismo cultural, ou seja, o compreender que existem outras culturas que não apenas as nossas...
                  E, desta maneira, os olhares no universo midiático também sofreriam uma alteração para melhor, por retratarem no que é mostrado, o respeito, muito maior que a tolerância em si, pois a tolerância sozinha, sem respeito, torna-se algo forçado, que deve-se fazer ou aceitar porque TEM QUE... Mas, com o respeito, aprende-se que não se precisa aceitar o outro, em todas as suas singularidades, apenas RESPEITAR O OUTRO INCONDICIONALMENTE, dizer ao outro: “POSSO NÃO ACEITAR, POR "N" MOTIVOS AS SUAS, NOSSAS DIFERENÇAS, MAS EU TE RESPEITO, TU ME RESPEITA E, MESMO ATRAVÉS DAS DIFERENÇAS, PODEMOS DIALOGAR, PODEMOS CONVERSAR, PODEMOS PERCEBER QUE O SER HUMANO QUE CADA UM DE NÓS É, É MAIOR QUE AS DIFERENÇAS VISTAS”. E, neste momento, chega-se a um segredo, retratado por Claude Lévi-Strauss e vários outros estudiosos, começa-se a perceber que por trás de diferenças, existem semelhanças, existem pontos de encontro, de familiaridades e não só de estranhamentos.... É aqui que reside a nossa grande magia, o nosso grande tesouro: SABERMOS E APRENDERMOS A DIALOGAR, RESPEITOSAMENTE, NA DIVERSIDADE.
                       Paz e bem.
                                                                                 Marcia Adriana Lima de Oliveira

terça-feira, 7 de março de 2017

8 de Março e suas conquistas e continuidades

Foto: Arcevo Pessoal
 No Brasil o processo de colonização trouxe o sistema colonial em que na família predominava o pater poder. Neste, o poder era do homem, do pai e todas as demais pessoas não existiam como pessoas, mas como seres vivos que estavam para servir o Senhor de Engenho (OLIVEIRA, 2012). A mulher neste contexto como era tratada?
        Bem, a mulher era tratada como propriedade do marido e, neste contexto a Hierarquia de gêneros prevalecia, apesar da divisão de trabalho por gênero que dava a mulher direitos no âmbito doméstico, desde que estes estivessem de acordo com os desejos do Senhor, e a este era destinado o espaço da rua (OLIVEIRA, 2012).
         E, quando começamos a perceber mudanças? Elas surgem no momento em que as mulheres começam a trabalhar fora de casa, no âmbito da rua, começaram a estudar fora, em outros países em que as reflexões sobre a ruptura desta hierarquia de gêneros já estava em encaminhamento (OLIVEIRA, 2012).
          Além do trabalho, também a separação judicial (antigo desquite) vem para propiciar a mulher a necessidade do trabalho para o sustento da casa, dos filhos, mas, tudo isto começa a causar transformações no olhar da mulher sobre ela mesma; pois, com estudo, trabalho, assumindo os status (posições) ora de pai, ora de mãe, ora de filha, mantendo vivo a família, esta mulher começa a sonhar, e a tornar-se empreendedora também, ganhando a cada dia mais e mais espaço no mercado de trabalho.
                Com a Separação Judicial, década de 60 e o divórcio na década de 70/80 (Lei nº 6.515/77/78) é legalizado a posição ou o status da Mãe como "dona de casa (cuidadora)" e "chefe da família (provedora)" adquirindo mais e mais independência financeira e autonomia nas suas decisões, principalmente, acerca do que esta mulher deseja, quer.
                Mas, sendo mãe, em uma separação, até que o filho tenha entendimento e compreensão sobre relacionamento, a mãe, mulher dedica-se ao filho e pode ficar mais de 11, 12 anos sem absolutamente, qualquer relação com outra pessoa, desmentindo a fala de que "mulheres separadas eram mais vulneráveis e propensas  a estarem com alguém". Bem, mais do que a mulher, quando há filhos, a proteção ao filho e o bem estar bem deste falam mais alto para algumas mulheres que passam a se dedicar ao trabalho, a casa, a família e o pensar em outro alguém para dividir, partilhar suas vidas vai ficando bem distante, outras casam-se novamente, ou começam novos relacionamentos, não conseguem ficar sozinhas, consigo... Mas, as que conseguem sabem que a sua própria companhia é maravilhosa, e passam a aproveitar o tempo consigo, com seus filhos, com sua família, amigos, trabalho, descobre que a vida não é o outro, mas que já é viva e está viva, e se, houver novo encontro, pensa no filho, depois em si. Mas, dando certo, o outro não será o centro, mas um outro ser com quem irá partilhar, compartilhar as vivências, experiências até aqui.
                     E, em meio a estas descobertas de uma mulher, mãe, independente, tem também uma  grande parcela da população que passa a morar sozinha, o Direito sente a necessidade de ampliar o conceito de família para "laços de descendência por consaguinidade ou afinidade, qualquer um dos pares e seus descendentes, e, a partir da Constituição de 1988, no Brasil, com a mudança do conceito de família, tem-se a mudança nas relações de gênero, em que a partir daquele momento "homens e mulheres passam a ter os mesmos direitos e deveres tanto dentro quanto fora do âmbito doméstico (OLIVEIRA, 2012).
                         Neste sentido, a mulher vai, então tornando-se cidadã, e como cidadã não quer um relacionamento de superioridade ou inferioridade com o Homem, mas uma fala entre iguais, enquanto cidadãos de direitos e deveres iguais, respeitando, claro, as diferenças maravilhosas que existem entre si (OLIVEIRA, 2012).
                               Assim sendo, a mulher, nós mulheres demoramos tanto para chegarmos no momento em que se está atualmente, que não cabe mais o dançar músicas que tenham letras preconceituosas, desrespeitosas quanto ao que somos, Mulher. Faz-se necessário, rompermos a hierarquia de gênero em todos os sentidos e não estimulá-la com tantos preconceitos. Faz-se necessário compreender que depois de tanto tempo sem a fala, sem a ação, sem o saber fazer e o saber saber, não somos melhores ou piores que os homens. Somos apenas diferentes, biologicamente falando (Graças por isto!!). Mas, somos iguais em capacidade de trabalho, de aprendizagem, de liderança, de dialogarmos com ternura e seriedade, com carinho e justiça, com amor e dignidade, e tudo isto, tanto o homem, como nós mulheres somos em primeira instância Seres Vivos, depois Humanos, e Mulheres e Homens incrivelmente abençoados que devemos aprender a dialogar, trocar ideias, partilhar emoções, sentimentos, sensações com tranquilidade e respeito um com o outro (OLIVEIRA, 2012).
                                Por isto, neste dia, não se pense apenas nas mulheres nas fábricas que lutaram por horas de trabalho mais justas, pelo justo trabalho e outros direitos, mas pensemos em não invertermos a hierarquia de gêneros para um ditadura das mulheres... Assim, nada mudaria... inverteriam-se os papéis,  mas os desrespeitos continuariam a existir. Por isto, atenção, não se quer inimigos, mas parceiros, amigos, companheiros, um ser humano que apenas queira, deseje partilhar de suas vivências com tranquilidade, equilibrio, carinho, respeito, dignidade.
                                     E, por fim, dizer neste final que, como mulher que sou, é maravilhoso ver as conquistas, mas, é mais maravilhoso saber transformá-las em pontos de crescimento mutuo na relação e dialogo entre nós, mulheres e os homens. PARABÉNS A TODAS E TODOS!!!!!

REFERÊNCIA

OLIVEIRA, Marcia Adriana L. de . Reflexões sobre a Sociologia Aplicada a Educação. Teresina: UAB/ FUESPI/ NEAD, 2012, pp. 74-110



segunda-feira, 6 de março de 2017

Hoje é 8 de Março de 2017



Foto: Arcevo pessoal
Sabem, hoje é 08 de março, mundialmente conhecido como o dia de nós Mulheres (simbolicamente) por toda uma luta que aconteceu neste dia, em que a nossa voz, ganhou projeção e foi ouvida. Porém, jamais sou partidária da nossa hiper, super valorização em detrimento dos homens, ou da hiper, super valorização dos homens em detrimento de nós, mulheres. Acredito, que somos seres humanos, diferentes fisicamente (e, Graças a Deus, somos diferentes físicamente, porque vocês homens são lindos!). Todavia, temos as mesmas capacidades de aprendizado e aprendizagem. Desconfio de toda e qualquer experiência que, em nome da ciência, diga o contrário, porque são tentativas de manter a hieraquia de gênero ou colocando um ou outro acima ou abaixo. Estou mais, dentro da lógica de Anthony Giddens que falou sobre Relacionamento Puro. Não pureza como ingenuidade, inocência, mas como pessoas que desejam se relacionar, estão juntas com seus defeitos e qualidades, andando lado a lado. E, extrapolando as relações afetivas, no trabalho somos profissionais (independente do gênero), somos capazes, pois estamos trabalhando juntos (independente do gênero). Logo, que possamos manter sempre o respeito mútuo, a cortesia, a polidez, a sensatez, a seriedade, e jamais diminuir, menosprezar quem quer que seja pelo gênero. A voz e uma ideia é aceita por ser boa, independente do gênero. Por isso, neste dia, abraço a todos e todas nós!!!